22/08/2024 às 17:00

Ao Luar

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Maria sorria com aqueles olhos enormes com o brilho do luar, um brilho suave que iluminava a noite como as estrelas mais distantes. A cada sorriso, parecia que trazia consigo um pedaço do céu, um encantamento que deixava tudo mais leve. Carlos, reservado, fingia não perceber, tentava esconder o tumulto que lhe ia no peito, com receio de que os seus olhos revelassem o desejo de beijá-la.

A proximidade entre eles era palpável, uma tensão doce que ambos sentiam mas que ele temia expor. Toda vez que seus olhares se encontravam, ele sentia o coração acelerar, como se cada momento passado ao lado dela fosse uma batalha entre a razão e o desejo. Ela, por outro lado, parecia saber exatamente o que acontecia, e continuava a sorrir, sem pressa, como se esperasse que ele finalmente se rendesse ao que era inevitável.

O silêncio entre eles dizia mais do que qualquer palavra poderia. Ele queria tanto aproximar-se, quebrar aquela distância que parecia imensa apesar de estarem tão perto. Mas algo o segurava, o medo de que, ao deixar transparecer os seus sentimentos, a magia que envolvia os dois pudesse dissipar-se.

E assim, ele continuava a fingir, a esconder o desejo ardente de beijá-la, enquanto ela, com seus olhos enormes, continuava a sorrir, sabendo que, mais cedo ou mais tarde, ele cederia ao encanto que os unia.

Encontravam-se todas as noites no mesmo lugar, sentados no banco do parque, e ficavam ali calados a ouvir a musica que vinha do bar ali pertinho. As conversas eram curtas, palavras simples que mascaravam a profundidade dos sentimentos que cresciam em silêncio. Cada olhar trocado era uma confissão muda, uma promessa não dita de algo maior.

Ela sabia o que ele sentia. Ele sabia que ela sabia. E, assim, os sentimentos dançavam entre eles, invisíveis e intensos, numa cumplicidade que só o coração compreendia. As mãos quase se tocavam, os lábios quase sussurravam palavras de amor, mas o silêncio era tão confortante quanto o próprio sentimento.

Numa noite especialmente clara, ele finalmente cedeu ao encanto daqueles olhos cheios de promessas. Com um sorriso tímido, aproximou-se dela, e num gesto simples e sincero, segurou-lhe na mão. Ela retribuiu, apertando-lhe levemente os dedos, como quem aceita um segredo revelado. O silêncio, quebrou-se, não com palavras, mas com a certeza de que, entre eles, não havia mais o que esconder. O amor, que até então dançava nas sombras, finalmente encontrou seu lugar à luz do luar.


Ana Luar*





22 Ago 2024

Ao Luar

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